Friday, December 9, 2011
"Falha a fala, fala a bala"
"Prefiro ser alguém com uma vida curta do que um ninguém com uma vida longa."
"O meu único amigo é a minha mãe."
"Eu roubo para viver."
"A vida é difícil. Se eu morrer, vou descansar."
"Meu pai só vinha para me abusar."
"Não sou criança."
"Se você é homem, morre como homem."
Os rapazes que mexem com o tráfico de drogas, disse a professora, vivem até uns 17, 18, talvez 25 anos de idade
Quanto mais eu vejo exemplos assim, mais eu vejo que somos seres sociais. Quer dizer, uma parte grande de quem nós somos é influenciado pela sociedade. Eu tenho compaixão por aqueles rapazes, porque não escolheram adotar um sistema tão disfuncional de ser. A responsibilidade que nós temos é viver de uma forma que não marginaliza as pessoas, e tentar tranformar as tradições e preconceitos prejudicais que pragam a sociedade. Esses rapazes não reijetaram uma vida melhor; eles não sabiam que uma outra vida existisse para eles.
Fácil de dizer, difícil de fazer.
Tuesday, December 6, 2011
XRM-2600
- Isso quer dizer que eu também vou ser promovido?
- Não, senhor Guerreiros. O senhor será demetido por justa causa.
- O quê?! Justa causa?! Mas eu não fiz nada!
- Eu devia dizer "justas causas". O senhor quer que eu as enumere? Agressão, afastamento deliberado do local de trabalho durante o expediente, irregularidade no horário de almoço, atitude suspeita dentro da empresa. Será que iss basta:
- Mas... mas... mas... eu... eu não fiz essas coisas.
- Há testemuhas, senhor Guerreiros, e para seu azar há várias para cada irregularidade.
O Manifesto Masculino
1. Eu sempre tenho razão
2. Minha causa é justa
3. As pessoas não mudam. Os meus inimigos atuais foram sempre meus inimigos. Tal vez eu não o soubesse ao princípio, mas sempre foi assim.
4. Não vejo meus erros, porque não erro.
5. Quando eu sofro, é por causa da maldade dos outros.
6. Sou profeta. As maldições que eu prevejo acontecem, para mim.
7. Jamais faço amizade com um homem pintado
8. Auto-aperfeiçoamento? O quê?!
- Felipe Guerreiros
Eles Eram Muitos Cavalos
Seu pai mandou falar que reza todo dia pra você na missa das sete. Que não é pra se preocupar não porque o Menino Jesus de Praga estará sempre ao seu lado.
Beijos meu filho queridoda sua mão saudosaque te ama,
Glorinha
Escolhi esse trecho porque acho importante como a carta mostra a diferença de religiosidade. O livro deixa claro que muitas pessoas em São Paulo veem a religião como um fonte integral de propósito e consolo. Por outro lado, existem também muitas pessoas que vivem sem religião. Estas pessoas fazem parte da mesma sociedade, e muitas vezes fazem parte da mesma família. Nesta carta, uma mãe religiosa escreve para um filho que talvez se estraviasse um pouco do caminho que ela esperava.
No mundo moderno, a lacuna entre os religiosos e os não-religiosos está ficando cada vez mais larga. Nós então temos o desafio de conectar as duas facções da sociedade que são fundamentalmentes diferentes. Como fazer isso?
Gostaria de prover uma resposta sucinta e convincente, mais eu acho essa pergunta a questão principal de nossos dias. Mas, eu tenho um pensamento.
Sou de uma família bem religiosa. Meus pais e todas as minhas irmãs participam na igreja, menos uma. A mais velha deixou de ir para a igreja faz 14 anos. Quando a família ficou sabendo, foi uma confusão total. Meus pais ficaram frustrados, minha irmã ficou cada vez mais rebelde e distante, e eu não sabia o que pensar. Desde aquela época, a família já melhorou muito. Não quer dizer que todos estão dentro da igreja de novo, mas todos nós temos um bom relacionamento de amor e entendimento. O relacionamento que meus pais tem com a minha irmã é melhor do que jamais foi.
Não tenho uma resposta certa, mas acho que tem a ver com amor sincero. Não amor falso para dominar. Isto aplica para os dois lados.
Friday, November 18, 2011
palestra: reação tardia
Depois de assistir A Hora da Estrela, eu percebi porque o professor se preocupa tanto com a cultura machista que existe no Brasil. A visão da nordestina muda me pertubou, assim como pertubou o narrador do conto. Eu acho que Clarice, Rodrigo S.M., o professor e eu tenhamos uma coisa em comum que permite que vejamos algo ignominioso na cultura: isto é, todos nós vivemos fora daquele mundo. Nenhum de nós tomamos para concedido os fatos da cultura brasileira.
Falando em termos sociológicos, um papel da literatura é revelar as águas em que nós, os peixes, nadam. A literatura responde aos fatos tomados para concedidos pela sociedade.
chamado irrecusável
Sou obrigado a procurar uma verdade que me ultrapassa. Por que escrevo sobre uma jovem que nem pobreza enfeitada tem? Talvez porque nela haja um recolhimento e também porque na pobreza de corpo e espírito eu toco na santidade, eu que quero sentir o sopro do meu além. Para ser mais do que eu, pois tão pouco sou.
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens...
Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desepero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.
Acho que os sentimentos do narrador não sejam tão incomuns. Talvez sejam mais dramáticos na forma que escreve, mas eu já senti essa necessidade de pensar e meditar em coisas que me apresentaram um novo mundo.
Quase três anos atrás tive uma conversa com uma colega de trabalho que me deixou tremuloso. As coisas que ela me diziam eram tudo que eu estava procurando na vida. Não aguentei trabalhar mais, então eu saí cedo e voltei para casa para meditar, orar, e escrever.
Dois anos atrás assisti uma palestra sobre as diferenças entre os modos grego e hebraico de pensar. A palestra foi tão chocante que depois da aula (que terminou às sete horas), não pude voltar para casa diretamente e passei duas horas andando de bicicleta em todo canto do campus, pensando nas coisas que tinha aprendido.
Algumas vezes a experiência toma a forma de claridade, mas muitas vezes só temos um sentimento de que existe algo profundo que podemos compreender. Esse sentimento chama, demanda a nossa atenção e nos leva à meditação e pequisa. Não podemos viver ignorando o sentimento. Acho que isso foi a experiência do narrador (e da Clarice também).
Wednesday, November 16, 2011
Imitação da Rosa
Com seu gosto minucioso pelo método - o mesmo que a fazia quando aluna copiar com letra perfeita os pontos da aula sem compreendê-los - com seu gosto pelo método, agora reassumido, planejava arrumar a casa antes que a empregada saísse de folga para que, uma vez Maria na rua, ela não precisasse fazer mais nada, senão 1) calamente vestir-se; 2) esperar Armando já prontaç 3) o terceiro o que era?
Friday, November 4, 2011
A busca sem fim para o final feliz
UMA NOVA VIDA COMEÇA PARA ELES NAQUELE ABRAÇO DADO COM TODA A ALMA. O PASSADO APAGA-SE ANTE A FELICIDADE QUE OS ESPERA: UMA FELICIDADE SEM LIMITES E QUE NÃO TERÁ FIM.
- GRANDE HOTEL Nº 925 - pág 52
Por quê são novelas, filmes de Hollywood e contos de fadas tão atraentes? Por quê é que, quando se começa a assistir um programa de televisão, não se consegue fazer mais nada até o programa terminar?
Todo mundo quer ver os problemas serem resolvidos. Desejamos isso não só para a nossa própria vida, más também para todas as outras pessoas, mesmo para os personagens imaginários.
Faz parte da natureza humana este desejo de sempre ter resolução, ou é um produto da modernidade ocidental?
Queremos soluções imediatas e absolutas. Essas resoluções fazem com que possamos continuar felizes na vida. Mas qual efeito na vida tem essa desejo por uma vida sem obstáculos? Talvez a vida feliz requer que soframos e aprendamos viver com o sofrimento de uma forma feliz. Isto é precisamente porque nem todos os problems podem ser resolvidos nesta vida, muito menos em 30 minutos.
A modernidade trouxe soluções imediatas e boas para muitos dos problemas do mundo, mas a realidade da mortalidade ainda permanece. A realidade da mortalidade - que todos envelhecem e morrem, que a corrupção continua e pessoas sofrem, que o coração nem sempre compreende o razão - é o que nunca podemos deixar.
Enfrentar esses problemas sem cair no niilismo requer religião, ou pelo menos uma ideologia que transcende este mundo. Zen Budismo, por exemplo, exemplifica como viver com as realidades sombrias da vida. Seja qual for, precisamos algo além de soluções rápidas, porque alguns problemas são obstinados
Wednesday, November 2, 2011
Beleza da vida severina
De sua formosura
deixai-me que diga:
é belo como o coqueiro
que vence a areia marinha.
De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.
A vida severina é bela porque consegue continuar apesar do ambiente rígido em que existe. Beleza pura não é da pessoa que tem recursos para fazer maquiagem na vida. Beleza pura é viver no mundo real, e ser um sim numa sala negativa. Beleza é prosperar nos lugares adversos. Beleza pura existe em contraste à feiúra
Monday, October 24, 2011
Menino Perdido
Eu não sabia nada. Levava para o colégio um corpo sacudido pelas paixões de homem feito e uma alma mais velho do que o meu corpo. Aquele Sérgio, de Raul Pompeia, entrava no internato de cabelos grandes e com uma alma de anjo cheirando a virginidade. Eu não: era sabendo de tudo, era adiantado nos anos, que ia atravessar as portas do meu colégio.
Menino perdido, menino de engenho.
De que forma foi o Carlinhos perdido? Como é que ele "não sabia nada" e também "era sabendo de tudo?"
Carlinhos sabia de tudo dentro do engenho, mas fora do engenho, não sabia nada. Ele conhecia e sabia utilizar a corrupção do engenho, mas o que isso vale no mundo exterior? A vida do engenho estava em decadência, e logo ia acabar. Carlinhos tinha que se ajustar.
No início do romance, aprendemos que a mãe do narrador chamava o engenho de um "recanto do céu." Se era um recanto do céu, deveria ter sido um céu construído pela família. Ou seja, era um céu falso que não podia se suportar.
No mundo de hoje existem milhares de céus criados pelos homens. Esses céus valorizam a preguiça, os desejos carnais, a ganância, em sumo, a vida fãcil. O tempo vai revelando a falsidade desses céus e os seus habitantes encontram-se perdidos. Os reis se tornam retirante e saem à procura de um outro céu. A medida que eles procuram o céu no mundo dos homens, porém, eles só vão encontrar o paraíso falso de homem.
A diferença entre um céu verdadeiro e um céu falso é a liberadede e a igualdade. Todos os céus falsos não podem se suportarem para sempre, porque eles dependem da capacidade de explorar e objectificar os outros. Quando os outros se revoltam ou desaparecem, o que acontece? O seu céu desaba.
Menino perdido, menino de engenho.
Friday, October 14, 2011
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
- Drummond
Friday, October 7, 2011
O Bicho
Vi ontem um bichoEsta poesia solena de Manuel Bandeira tem um ínicio normal e um final chocante. Somos acostumados a ver bichos comendo nojeira, mas homem? Essa visão nos abala. Em cima dos outros bichos, o ser humano é de sangue nobre. Não quer dizer que todas as pessoas são descendente de reis, mas não precisam ser da família real para ser nobre. Fazer parte da raça humana lhe dá uma nobreza inerente.
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um ra to.
O bicho, meu Deus, era um homem.
- Manuel Bandeira
Metaforicamente, eu leo essa poesia de duas formas: pensando do modernismo brasileiro, tal vez a imundície do pátio seja as idéias europeas que os brasileiros engoliam sem pensar, sem ser críticos. Desta forma, Bandeira diz que engolir idéias assim sem discrição é bestial.
A outra leitura minha é sugerir que a comida representa os bens morais que procuramos. Quando procuramos esses bens, devemos procurar nos lugares corretos. Não devemos procurar o que alimenta a alma na lixeira.
Thursday, September 29, 2011
Tragédia de Dom Casmurro
-- Não, Bentinho, ou conte o resto, para que eu me defenda, se você acha que tenho defesa, ou peço-lhe já a nossa separação: não posso mais!
-- A separação é cousa decidida, redargui...
Escolhi este diálogo porque acho que representa a maior causa da tragédia. É simplesmente isto: a decisão já era decidida antes de acontecer qualquer conversa entre Bentinho e Capitu.
Quando levamos uma conversa com a mente fechada, não pode existir qualquer cura. É possível que a Capitu fosse realmente culpada, mas por quê fechar a mente antes de considerar a outra possibilidade: que você fez uma interpretação errada?
Wednesday, September 21, 2011
A Pesquisa do Descrente
Tuesday, September 13, 2011
Esposa?! Uaiaa! Foi uma bebida forte!
Saturday, September 10, 2011
Caminho Das Nuvens
Todo bom pai quer o melhor para a sua família. O pai tem uma idéia que talvez seja irrealizável, más tem que ter fé que é possível.
Toda boa mãe quer o melhor para a sua família. A mãe tem um entendimento claro das necessidades físicas e emocionais de seus filhos, e faz tudo que é possível para que essas necessidades sejam atendidas.
O adolescente quer ser adulto, independente e respeitado. Ele quer ser pai e não quer ser pai. Ele não entende a razão de todas as órdens de seus pais, más toda vez que tenta sair deles e entrar no mundo, acaba sendo humilhado e volta para a família.
O importante é reconher os contrastes da família e estabelecer uma harmonia para que a família funcione e cada membro sinta que faz parte. A família do filme não era perfeito (nenhuma é), más o relacionamento entre marido e mulher representava essa harmonia de contrastes. Ela consentiu em viajar, e ele concordou a ficar no Rio, em vez de viajar de novo. Que motiva-nos a estabelecer essa harmonia? É o desejo do bem estar de nossa família. É reconhecer que sozinhos, não temos todas as respostas. É reconhecer que temos necessidade de um ao outro. Em fim, é o amor.
Wednesday, September 7, 2011
A Carta e o Mistério
A seguinte passagem foi tirada da Carta de Achamento do Brasil, escrita por Pedro Vaz de Caminha no ano 1500. Aqui no final da carta, Caminha reafirma a sua convicção religiosa ao rei de Portugal. Caminha era escrivão para os jesuítas e escrevia bastante nesta carta a respeito da salvação dos filhos de Deus, bem como os aspectos desejáveis do país.
Porém, o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
Caminha escreveu essas palavras logo depois de elogiar a natureza e os aspectos geográficos da terra; em verdade, ao ler suas palavras, parece que ele descobriu o perdido jardim do edem. Esta imagem é ainda mais apropriada com a descrição de um povo tão inocente como crianças. Os nativos que Caminha descreveu andavam nu e eram pacíficos, assim como os primeiros pais antes da sua queda. Era um povo inocente, sem Deus, num paraíso perfeito.
O que eu gostaria de saber é: Qual era o propósito de verdade de Caminha? Será que este propósito influenciou a sua descrição ao rei? No meu olhar, Caminha podia ser um de três tipos de homem. Opção um é que ele só fingia desejar a salvação do povo, e ele só incluiu as palavras citadas para cobrir a sua ganância. Eu não acho esta opção muito convincente, porque se ele realmente quisesese os bens da terra, ia ficar por mais tempo ou pelo menos voltaria.
Opção dois é que Caminha realmente desejava a salvação do povo, más ele também era o produto da sua época e de seu país. Quer dizer, ele era um homem piedoso, que também queria trazer glória e riquezas à sua pátria mãe. Para ele, não era ruim tomar terra e materias dos nativos que já inabitava o país, a medida que os salvasse. Acho que esta opção é uma boa possibilidade.
A terceira opção é que Caminha realmente não dava nenhuma importância ás riquezas da terra, más era um grande político. Quer dizer que ele, conhecendo as coisas que picavam o interesse do rei, exagerou esses detalhes e ignorou a maioria dos detalhes negativos. Fez isso com o fim de persuadir o rei a colonizar o brasil, para que os nativos pudessem ser salvos. Esta opção é uma possibilidade, más eu acho difícil acreditar que Caminha era tão manipulador.
Tal vez não podemos conhecer os motivos exatos do autor deste texto, mas assim, A Carta passa a ser uma das grandes obras literárias Brasileiras, sendo um mistério sem conclusão. E assim é: mais de 500 anos desde que foi escrito, e ainda o discutimos e ponderamos.
Monday, September 5, 2011
Entre Dois Mundos
AC tentou criar silêcio, mas logo os vizinhos começaram a espancar suas paredes protestando contra o ruído da máquina de escrever. O choro das crianças, maridos espancando mulheres e crianças, os gemidos dos pombos do amor, as fofocas, of fuxicos, os bate-bocas, tudo era humano. O ruído da máquina de escrever quebrava a desarmonia humana da vila e por isso espancavam sua paredes. Um dia, bêbado, AC cantou até de madrugada e ninguém protestou. In der Welt. In der Nacht. Ainda estava preso.