Friday, November 18, 2011

palestra: reação tardia

Assisti a palestra do professor.

Depois de assistir A Hora da Estrela, eu percebi porque o professor se preocupa tanto com a cultura machista que existe no Brasil. A visão da nordestina muda me pertubou, assim como pertubou o narrador do conto. Eu acho que Clarice, Rodrigo S.M., o professor e eu tenhamos uma coisa em comum que permite que vejamos algo ignominioso na cultura: isto é, todos nós vivemos fora daquele mundo. Nenhum de nós tomamos para concedido os fatos da cultura brasileira.

Falando em termos sociológicos, um papel da literatura é revelar as águas em que nós, os peixes, nadam. A literatura responde aos fatos tomados para concedidos pela sociedade.

chamado irrecusável

Sou obrigado a procurar uma verdade que me ultrapassa. Por que escrevo sobre uma jovem que nem pobreza enfeitada tem? Talvez porque nela haja um recolhimento e também porque na pobreza de corpo e espírito eu toco na santidade, eu que quero sentir o sopro do meu além. Para ser mais do que eu, pois tão pouco sou.
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens...
Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desepero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.

Acho que os sentimentos do narrador não sejam tão incomuns. Talvez sejam mais dramáticos na forma que escreve, mas eu já senti essa necessidade de pensar e meditar em coisas que me apresentaram um novo mundo.

Quase três anos atrás tive uma conversa com uma colega de trabalho que me deixou tremuloso. As coisas que ela me diziam eram tudo que eu estava procurando na vida. Não aguentei trabalhar mais, então eu saí cedo e voltei para casa para meditar, orar, e escrever.

Dois anos atrás assisti uma palestra sobre as diferenças entre os modos grego e hebraico de pensar. A palestra foi tão chocante que depois da aula (que terminou às sete horas), não pude voltar para casa diretamente e passei duas horas andando de bicicleta em todo canto do campus, pensando nas coisas que tinha aprendido.

Algumas vezes a experiência toma a forma de claridade, mas muitas vezes só temos um sentimento de que existe algo profundo que podemos compreender. Esse sentimento chama, demanda a nossa atenção e nos leva à meditação e pequisa. Não podemos viver ignorando o sentimento. Acho que isso foi a experiência do narrador (e da Clarice também).

Wednesday, November 16, 2011

Imitação da Rosa


Com seu gosto minucioso pelo método - o mesmo que a fazia quando aluna copiar com letra perfeita os pontos da aula sem compreendê-los - com seu gosto pelo método, agora reassumido, planejava arrumar a casa antes que a empregada saísse de folga para que, uma vez Maria na rua, ela não precisasse fazer mais nada, senão 1) calamente  vestir-se; 2) esperar Armando já prontaç 3) o terceiro o que era?

Em moda verdadeiramente pós-moderna, Clarice dá uma poderosa acusação do status quo. A primeira vista parece que ela só critique a cultura machista, mas acho que exista uma crítica mais profunda. As obras de Clarice mostram que antes de se preocupar tanto com método, é essencial ser enraizado numa ontologia que relfete as realidades do mundo. A crise existencial acontece quando percebemos que estamos seguindo um  método sem considerar a ontologia que o método reflete. 

Não é necessariamente o caso que tenhamos que jogar fora o padrão velho de vida (mas talvez), mas temos que por ontologia em primeiro lugar. Temos que ter um amor bem-fundamentada pelas crenças que motivam as nossa ações. 

Friday, November 4, 2011

A busca sem fim para o final feliz

UMA NOVA VIDA COMEÇA PARA ELES NAQUELE ABRAÇO DADO COM TODA A ALMA. O PASSADO APAGA-SE ANTE A FELICIDADE QUE OS ESPERA: UMA FELICIDADE SEM LIMITES E QUE NÃO TERÁ FIM.
- GRANDE HOTEL Nº 925 - pág 52

Por quê são novelas, filmes de Hollywood e contos de fadas tão atraentes? Por quê é que, quando se começa a assistir um programa de televisão, não se consegue fazer mais nada até o programa terminar?

Todo mundo quer ver os problemas serem resolvidos. Desejamos isso não só para a nossa própria vida, más também para todas as outras pessoas, mesmo para os personagens imaginários.

Faz parte da natureza humana este desejo de sempre ter resolução, ou é um produto da modernidade ocidental?

Queremos soluções imediatas e absolutas. Essas resoluções fazem com que possamos continuar felizes na vida. Mas qual efeito na vida tem essa desejo por uma vida sem obstáculos? Talvez a vida feliz requer que soframos e aprendamos viver com o sofrimento de uma forma feliz. Isto é precisamente porque nem todos os problems podem ser resolvidos nesta vida, muito menos em 30 minutos.

A modernidade trouxe soluções imediatas e boas para muitos dos problemas do mundo, mas a realidade da mortalidade ainda permanece. A realidade da mortalidade - que todos envelhecem e morrem, que a corrupção continua e pessoas sofrem, que o coração nem sempre compreende o razão - é o que nunca podemos deixar.

Enfrentar esses problemas sem cair no niilismo requer religião, ou pelo menos uma ideologia que transcende este mundo. Zen Budismo, por exemplo, exemplifica como viver com as realidades sombrias da vida. Seja qual for, precisamos algo além de soluções rápidas, porque alguns problemas são obstinados

Wednesday, November 2, 2011

Beleza da vida severina

De sua formosura
deixai-me que diga:
é belo como o coqueiro
que vence a areia marinha. 
De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.

A vida severina é bela porque consegue continuar apesar do ambiente rígido em que existe. Beleza pura não é da pessoa que tem recursos para fazer maquiagem na vida. Beleza pura é viver no mundo real, e ser um sim numa sala negativa. Beleza é prosperar nos lugares adversos. Beleza pura existe em contraste à feiúra